Horizontina,
oito de abril de 2048
-Você
vai subir ou não?-, atrás do senhor que reclamava outros faziam a típica cara
de frustração e tédio por mais um dia de trabalho onde pegar o ônibus não significava
o fim do árduo dia de trabalho.
Fernando
desiste do ônibus. Meio confuso sai da parada de ônibus e olha em volta, a
correria dos estudantes e trabalhadores da universidade que saiam do campus
depois de mais um dia cheio de compromissos.
Parecia
que tinha voltado para a sua antiga universidade nos seus tempos de juventude. Andando
pelo campus encontrou pessoas familiares, colegas de curso, colegas da pensão onde
viveu durante o período da universidade, professores e demais funcionários da
universidade.
Estava
na ponte enquanto andava em direção ao seu antigo prédio, quando um grito distante
interrompeu o barulho de carros e conversas. Ao longe um cogumelo atômico surgia
no horizonte, colorindo o céu com cores da morte. Nesse momento o sol é ofuscado
pelo brilho da bomba.
Fernando
atravessa o resto da ponte seca e sai correndo buscando algum lugar para se
proteger. Enquanto ele procurava um lugar, todos que estavam em sua volta,
simplesmente pararam de andar e conversar, haviam se entregado para a morte.
Fechando
os olhos, respirou fundo e contou até três. Abriu seus olhos e viu as pessoas ao
seu redor derretendo, por consequência do calor da bomba, Fernando não quis se olhar
e fechou os olhos de novo.
Quando
abriu os olhos, o dia tinha sido substituído por um tempo sombrio. Focos de incêndio
por todos os lados cobriam o céu de fumaça, e o ar carregado não indicava nada
de bom. A ponte seca que unia os dois lados do campus, encontrava-se em ruínas,
entre pedaços de concreto, carros e ônibus estavam queimados.
O
prédio da reitoria da UFSM estava ardendo em chamas. As arvores que cobriam
enormes extensões do campus, estavam mortas, corpos de animais e pessoas estavam
espalhados por todas as direções. Um barulho atrás de Fernando chama sua atenção.
O prédio do Hospital Universitário entra em colapso, uma nuvem de detritos cobre
grande parte do campus.
Enquanto
Fernando tenta fugir da fumaça e da poeira, tropeça num corpo e cai. Ao longe,
uma pessoa se aproxima coberta por uma roupa militar especial, que cobria todo
seu corpo. Enquanto tenta se levantar, o soldado carrega a arma, aponta para
Fernando e diz: - Mais sorte na próxima...-
Antes de levar o tiro,
Fernando acorda assutado.
Porto
Alegre, oito de abril de 2048
-Estamos percebendo atividades
próximas ao limite do campo, Senhor. O sensor detectou duas assinaturas de calor.
-
-Temos imagens, soldado?-
-Estou ativando as
câmeras, Senhor. -
-Câmeras 1, 2, 4 e 7
têm imagens dos objetos, Senhor. –
As telas de controle
que cobriam toda uma parede mostravam duas pessoas. Um adulto e uma criança que
andavam de mãos dadas. Provavelmente eram pai e filho, os dois vestiam trajes
surrados pelo tempo.
-Depois de tanto tempo,
acreditava que ninguém mais vivia na superfície de Porto Alegre.... - Disse o
soldado enquanto o olhava para as imagens do exterior. Depois de anos entediantes,
era a primeira vez que pessoas, não ligadas ao grupo sulista da OIPNOM foram
detectadas.
Depois de dez anos, a
região central de Porto Alegre, era um ponto quase que inacessível. Os
escombros localizados acima do complexo do bunker eram o que um dia já havia
sido a antiga Escola de Engenharia da UFRGS. Do prédio, apenas a antiga fachada
de estilo renascentista havia sobrevivido, toda a estrutura havia entrado em
colapso devido aos incêndios que destruíram a capital gaúcha a pouco mais de
dez anos. A Praça Argentina que fica localizada a frente da antiga escola, agora
era um cemitério composto de arvores a muito tempo mortas, carros e entulhos.
Pai e filho estavam bem
às frentes da fachada da escola, passando cautelosamente entre inúmeros
detritos espalhados por toda a direção.
-Eles chegaram ao
limite, Senhor. – Disse o soldado.
-Pois bem, ative o
drone e execute-os.- Disse o líder de operações.
Ativando o drone ao
toque de um botão, o drone localizou os dois alvos e os eliminou num intervalo
menor de 10 segundos. Os dois corpos jaziam imóveis no chão, enquanto o drone
sumia das imagens das câmeras.
- Envie um comunicado ao
Tenente Gertz, solicitando novas instruções, soldado. A base não esta mais isolada.
-
( -> Capítulo 4: Horizontina - Parte 4- )
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