O mundo havia mudado muito nesses dez anos.
O mundo
em 2038 tinha uma população de quase nove bilhões de pessoas, sendo destas, 65%
viviam em centros urbanos. No primeiro mês de caos, mais de quatro bilhões de
pessoas morreram em decorrência das explosões nucleares, pela radiação e pela
fome.
Enquanto o mundo se silenciava, sobreviventes fugiam de centros urbanos
que se encontravam em ruínas e se deparavam com todo o tipo de situações.
Alguns diriam que os que morreram instantaneamente
pelas bombas tiveram sorte. A temperatura global despencou, plantações foram
arruinadas por pestes e pelo clima. Se um observador qualquer pudesse ver de fora
o nosso planeta, provavelmente lhe faltariam palavras para descrever tudo o que
viu e sentiu.
O planeta azul havia
mudado.......
Em quase uma dezena de milhar de anos, o Estreito de
Berenger que separara os Estados Unidos da Rússia, não existia mais. Uma única
e disforme massa de gelo cobria o pacífico norte em grandes extensões. No
atlântico norte a situação era a mesma, a Islândia e a Groenlândia estavam
igualmente cobertas de gelo.
No norte da Europa e Ásia o gelo que existiam
avançou e cobre grandes extensões dos mares do norte. No sul do continente
americano, partes da Argentina e do Chile estavam cobertas de gelo, a antártica
que durante décadas do século XX e XXI perdera grandes extensões da calota
polar, estas avançavam novamente em todas as direções.
Se o nosso observador fosse atento, ele diria que o
mundo havia entrado numa nova era glacial.
Se agora os oceanos parecem calmos, a situação não
seria a mesma a seis anos atrás. Enquanto as temperaturas médias dos
continentes e dos oceanos não se igualavam, enormes ciclones varreram os
litorais do mundo tempo, aumentando ainda mais os estragos.
A perda de vidas humanas e de espécimes animais e
vegetais é incalculável para o nosso observador visto dessa distancia, mas se
ele se aproximasse mais, veria os estragos. Extensas regiões em processo de
desertificação. Alguns lugares se tornavam desertos infernais e outros em
infernos congelados.
Lugares que foram poupados diretamente da explosão
ou da radiação tiveram sorte no primeiro momento e foram preenchidos por
refugiados. Mesmo com a destruição, ainda havia guerra. Governos caíram, países
foram riscados do mapa, a população sofreu fome, violência e morte.
Nesses dez anos, dois bilhões de seres humanos ainda
resistiam num ambiente hostil.
Nosso observador voltando para o espaço, veria as
quatro estações espaciais que continuam flutuando ao redor da Terra, piscando
suas luzes automáticas em vão. Na lua, as luzes continuam, embora os sinais de
rádios já tivessem cessado a mais de três anos.
Se olhar de mais longe, nenhuma raça alienígena ou
um deus veio nos salvar. Os humanos estavam órfãos. Enquanto o Sistema Solar
continuava cruzando o universo na sua dança habitual, ninguém até agora sentira
a nossa falta.
( -> Capítulo 3: Dez anos de guerra - Parte 2)
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